sábado, 8 de junho de 2013

O FANTÁSTICO CORPO HUMANO

(como você nunca viu)


Depois de praticamente um semestre de blog inativo, senti a extrema necessidade de arrancar teias de aranha e compartilhar algo um pouco diferente com vocês. Não estou me referindo a filmes ou livros, mas, desta vez, à vida, a nós. 

Como vocês sabem, estudo direito, mas minha paixão por "medicina e afins" nunca vai me abandonar, né? Assim como muitas outras, mas faz parte.

Em 2007 tive a chance de visitar, em São Paulo, a exposição "O Fantástico Corpo Humano" com a escola e agora, em 2013, consegui sentir todos os arrepios novamente, pois essa perfeição tá na minha cidade (Campinas), genteeeeeeeeeee! 

Essa exposição já passou por 40 países e foi vista por mais de 20 milhões de pessoas. Trata-se de cadáveres reais (pelo que me disseram, de ex-presidiários, indigentes ou corpos doados pela própria família, todos do oriente) cujos órgãos foram preservados por plastinação, desidratação de tecidos. (A coitada aqui já está se achando a doutora.)

Há quem visite a exposição com a mente fechada, acreditando que entrará em um necrotério assustador e que morrerá asfixiado com o cheiro do formol. Olha, a realidade é bem diferente. Mal é possível sentir o cheiro e todo o cenário é projetado de modo educativo, com o intuito de atrair visitantes de todas as idades e profissões. (Para os neuróticos, o espaço está rodeado de bombeiros e cadeiras de rodas, tá?)

O objetivo de "O Fantástico Corpo Humano" é, acima de tudo, fazer com que a sociedade se conheça, com que cada indivíduo tenha uma noção mais concreta de como é por dentro. A exposição vai muito além de uma aula de biologia, pois sai da ilustração e parte para "ao vivo e em cores; em carne e osso".

Há toda uma divisão didática, separando as "peças" em áreas distintas, representando, por exemplo, as estruturas ósseas; os sistemas nervoso, digestório, cardíaco, reprodutor etc; fases da gestação e tudo que você possa imaginar. A exposição completa conta com 12 corpos inteiros e 150 órgãos. Cada sessão conta com pelo menos um profissional da área da saúde e com vários quadros explicativos sobre cada membro. Além disso, são apresentados tanto órgãos saudáveis, quanto os prejudicados por, em grande maioria, câncer. A comparação é simplesmente chocante, o estrago é perfeitamente visível. 

O que torna todo esse projeto mais fascinante são as reações que você tem a cada passo que dá. Eu, pelo menos, passei a noite inteira inconformada, intrigada. Como é possível que tudo aquilo caiba dentro de nós? Como é que desenvolvemos estruturas tão ricas a partir de um embrião (muito menor que 1/5 de um grão de arroz)? Como se dá o desenvolvimento semanal, tão perfeito, de um feto? Todos os dias estamos olhando tanto para o superficial e nos esquecemos que, por dentro, somos todos tão iguais. O ser humano, apesar de tremendamente ignorante em alguns aspectos, é tão evoluído, tão belo. Não sei qual a crença de vocês, mas seja Deus ou seja mero mistério da ciência, fomos criados, definitivamente, por uma perfeição milimetrada, única.


Posso afirmar com todas as letras possíveis que essa é uma experiência de grande valor. Além de contar com tanta beleza, com tantos meses de trabalho, é algo que, definitivamente, te faz refletir em algum momento. 

Se vocês tiverem interesse, em uma hora e meia, no máximo duas horas, é possível admirar cada cantinho da exposição. Para isso, vocês só precisam ir para o Parque Dom Pedro Shopping, entrada das águas, área externa, até o dia 30 de junho de 2013. Clicando aqui vocês conseguem todas as informações de preço, horários de funcionamento e outras curiosidades. 









sábado, 16 de fevereiro de 2013

Silver Linings Playbook.

 If clouds are blocking the sun, 

there will always be a silver lining

 that reminds me to keep on trying.

Vamos pular logo para a parte ~meltida tagarela~ vai..

Custando US$26 milhões, a adaptação aos cinemas do livro The Silver Linings Playbook (O Lado Bom da Vida)de Matthew Quick, vem conquistando o público nacional e internacional de modo impressionante. Como prova mais evidente, além da alta bilheteria, o filme está concorrendo a, simplesmente, 8 Oscars.

Como todo clássico caso de livro adaptado ao cinema, infinitas divergências foram observadas ao longo do filme. Prometo que farei o (im)possível para não divulgar spoilers muito fortes, mas não posso relevar o contraste. Felizmente, apesar de todas as mudanças no roteiro de David O. Russel, o objetivo "funciona". O resultado final resume-se a sensibilidade, envolvimento e sucesso. 

É difícil definir um gênero específico, já que "O Lado Bom da Vida" traz uma mistura de drama, romance e comédia. Ao mesmo tempo que o telespectador sente-se sensibilizado pelo modo como o protagonista Pat (Bradley Cooper) encara sua velha/nova vida, é capturado por infinitas risadas ao longo das cenas, graças a todo o brilhante elenco e, principalmente, à personagem da queridinha Jennifer Lawrence, Tiffany. Não é por acaso que a atriz já conquistou um Globo de Ouro recentemente. 

Mas de que adianta eu ficar falando sem parar sem nem ao menos dizer sobre o que se trata o filme? Apenas me esqueci do detalhe mais importante, da pequena sinopse que poderá despertar sua curiosidade, seu interesse ou que, simplesmente, poderá matar seu tédio. Então aqui vamos nós:

O protagonista Pat (Cooper) retoma sua vida após passar oito meses internado com distúrbios violentos e sintomas de bipolaridade,  problemas que o perseguiram depois de descobrir a traição de sua esposa. Ao voltar para casa, sua mente está rodeada por infinitos pensamentos perturbados e confusos, já que, para o personagem, sua rotina continuaria a mesma. Infelizmente, Pat encontra-se sem emprego, sem casamento e sem o conforto de sua vida anterior. Buscando sempre um otimismo inalcançável e vivendo em seu "novo mundo ingênuo", Pat passa a ter que se chocar com a recente e chocante realidade. Para facilitar (ou, dependendo do ponto de vista, dificultar) sua tarefa psicológica, Tiffany (Lawrence) entra em sua vida de modo repentino, mostrando-lhe, com seu jeitinho diferente, que todos cometem loucuras, por mais bizarras que essas sejam. 

Tentando conciliar seus pensamentos confusos sobre seu ex-casamento, sua relação com os pais (ou seja: com o grande Robert De Niro), o amor pelo time de futebol (Eagles), a terapia, atividades físicas e um novo romance repleto de ironias e coreografias, Pat tem altos e baixos  em seu estado mental. Para se situar melhor na história, é sempre bom conferir o trailer.

Quem leu a obra de Quick deve ter, com certeza, estranhado as mudanças adaptadas ao filme, como ocorreu em diversas cenas cortadas do livro e em outras improvisadas para enriquecer o roteiro. Para mim, o pior erro do filme foi ter reduzido o tempo no "lugar ruim" (clínica) de 4 anos para apenas 8 meses. A trama principal do livro está focada na confusão mental que Pat faz ao não reconhecer mais sua vida, ao acreditar que pouco tempo se passou e que nada mudou. 

Obviamente, eu amei o filme. Chorei, ri pra caramba, torci, ri novamente... Também reclamava e esperava enquanto notava o contraste entre o filme e o livro. No entanto, felizmente, posso afirmar com todas as letras que os personagens não deixaram nem um pouco a desejar. A atuação de Bradley Cooper está muito comovente. O ator se envolveu muito com o personagem; seus olhos e seu tom de voz denunciam a dedicação perfeita. Sou um pouco suspeita para falar da Jennifer, porque gosto muito do trabalho (e da personalidade única) da atriz. Lawrence simplesmente nasceu para interpretar a Tiffany. Umas 6 atrizes famosas foram cogitadas para o papel, mas não consigo visualizar nenhuma entrando tão bem na personagem, em sua insanidade. 

Enfim, caso alguém tenha lido essa "resenha" até o fim e tope dar um pulo no cinema, quero saber sua opinião ao término do filme. Pode ser que "O Lado Bom da Vida" não conquiste todos os Oscars indicados, por estar concorrendo junto a outras produções grandiosas, mas vale muito a pena conferir o resultado desse filme delicioso.

Para quem curte música, a cantora Jessie J gravou um clipe para o filme, com algumas cenas desse. Aliás, a trilha sonora em geral está de parabéns.








domingo, 3 de fevereiro de 2013

Les Miserables.

Now life has killed the dream I dreamed. 

FILME: Les Miserables (Os Miseráveis) ; Baseado na obra de Victor Hugo.
ANO DE LANÇAMENTO: 2012 (EUA) / 2013 (BR)
DIREÇÃO: Tom Hooper.
DURAÇÃO: 2 horas e 38 minutos.
GÊNERO: Musical, drama.
ORÇAMENTO: US$ 61 milhões.
ELENCO: Hugh Jackman, Anne Hathaway, Russell Crowe, Amanda Seyfried, Eddie Redmayne, Samantha Barks, Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen.
SINOPSE: Adaptação de musical da Broadway, que por sua vez foi inspirado em clássica obra do escritor Victor Hugo. Situado no século XIX, na França, ‘Os Miseráveis’ conta a história de sonhos partidos e amor não-correspondido, paixão, sacrifício e redenção - um testemunho atemporal da sobrevivência do espírito humano. Hugh Jackman interpreta o ex-prisioneiro Jean Valjean, caçado por décadas pelo policial Javert (Russell Crowe) depois que ele foge da condicional. Quando Valjean concorda em tomar conta da jovem filha de Fantine (Anne Hathaway), Cosette (Amanda Seyfried), suas vidas mudam para sempre."


INDICAÇÕES AO OSCAR:

Melhor ator - Hugh Jackman
Atriz coadjuvante - Anne Hathaway
Mixagem de som
Figurino
Design de produção
Maquiagem e cabelo.


MELTIDA TAGARELA: Na moral mesmo? Posso passar horas, dias, meses tentando definir a beleza desse filme e jamais acharei uma descrição adequada. Impecável deve ser a palavra ideal. Talvez fenomenal, não sei. É como se nenhuma palavra fosse capaz de retratar as mensagens e as sensações passadas por "Os Miseráveis".

As quase três horas no cinema foram, sem a menor sombra de dúvida, as mais especiais que tive nos últimos dias. Não sou nem ao menos capaz de explicar o fluxo do filme, pois tudo é completamente intenso, marcante. Do início ao fim, pouquíssimas são as falas que não são cantadas pelos personagens, já que a produção em questão é nada mais, nada menos que um musical. E, felizmente, as cordas vocais de todo o elenco estão "nota 11". Os atores estão perfeitamente afinados e envolvidos, trazendo um espetáculo de sentimentos através das músicas que cantam, passando todo o sofrimento que os envolve através da voz, e, é claro, de suas brilhantes faces. 

Além de todo o preparo vocal e de toda a fascinante atuação, o trabalho de arte também merece muita atenção. O figurino e o cenário roubam a cena diversas vezes. Meu visual favorito, definitivamente, é o da personagem de Helena Diva Bonham Carter - excêntrico como sempre, contrastando com Amanda, que está harmonicamente delicada; Anne e Samantha, com a aparência mais humilde e desgastada.

Me esforcei muito, muito mesmo, para não falar mais do que deveria e contar detalhes relevantes dessa magnífica produção.Confesso que não foi por falta de vontade... Simplesmente não consigo arranjar palavras para esse filme. Apenas quem o assiste consegue sentir todo o impacto, é capaz de se arrepiar, de se envolver com as músicas, de sentir a dor dos personagens, de torcer por cada um deles. Hoje cheguei ao cinema cheia de expectativas. Saí da sala absurdamente satisfeita, rodeada de dezenas de olhos vermelhos e sorrisos sinceros. Acreditem: horas se passaram desde o término da sessão e eu ainda estou tentando me recompor, tentando lidar com todas as emoções de "Os Miseráveis". 

Já vi centenas de filmes na vida, mas posso afirmar sem hesitar que esse foi um dos meus favoritos; até mesmo o mais belo que já vi. Simplesmente cativante, surpreendente. Um "oscar" chega a ser um prêmio insuficiente para tanta perfeição. 

Torço muito para que vocês, pessoas lindas e espertas que eu amo, sejam levadas a um cinema pela curiosidade. Garanto, com todas as letras, que não há como se arrepender. Além de ser um filme de tirar o fôlego, a adaptação da obra de Victor Hugo traz infinitas mensagens ao decorrer das cenas, sendo, praticamente, uma lição de vida. 

Permita-se encantar com esse sonho.


Para você que deseja entrar um pouquinho mais no sacrifício, na dor, no amor e na montanha russa de emoções de "Os Miseráveis", aqui está uma listinha com algumas das músicas marcantes (e impecáveis) do filme:


Por fim, mas não menos importante, o grandioso trailer:






domingo, 13 de janeiro de 2013

Cloud Atlas.

Do you ever feel like the universe is against you?

FILME: Cloud Atlas (A Viagem) / baseado no romance de David Mitchell
ANO DE LANÇAMENTO: 2012 (EUA) / 2013 (Brasil)
DURAÇÃO: 172 minutos
GÊNERO: Drama / Ficção
ELENCO: Tom HanksHalle Berry, Hugh Grant, Susan Sarandon, Jim Broadbent, Hugo Weaving, Jim Sturgess, Ben Whishaw, Keith DavidDavid GyasiZhou Xun e Doona Bae.
SINOPSE: Em "A Viagem" várias histórias em épocas diferentes, passado, presente e futuro, estão conectadas mostrando como um simples ato pode atravessar séculos e inspirar uma revolução. Os diretores da trilogia Matrix dirigem uma épica história através dos séculos. 

MELTIDA TAGARELA: Ainda estou sem palavras para essa produção incrível. Infelizmente, o filme é complexo demais para minha capacidade humana, então não esperem nenhuma resenha decente, por favor
A riqueza de detalhes de "A Viagem" é, sem dúvidas, especial. Os cinemas estavam precisando de um filme tão completo, único. 
Apesar das quase três horas sentada, senti que o tempo voou. E, de fato, voou, já que o filme salta a todo instante através de seis épocas distintas, desde 1849, em que um advogado e um escravo se ajudam, a milhões de anos no futuro, relatando o conflito entre a tribo sobrevivente e canibais (106 anos depois de um marcante acontecimento, "a queda"). Nesse meio, várias cidades e décadas formam o cenário do filme.
Em 1946, há uma história sobre amor proibido (homossexual) no pós-guerra inglês e a criação de uma sinfonia adorável (Cloud Atlas Sextet), que pendurará por toda a história. Em 1973 uma jornalista investiga usinas nucleares em São Francisco, enquanto em 2012 (a parte mais cômica de todo o filme) um grupo de idosos da Escócia tenta escapar do asilo. Por fim, um dos marcos mais importantes, em 2144 uma fabricante japonesa torna-se líder de uma revolução. 
De modo surpreendente, todas as histórias se conectam sutilmente. Há uma visão da doutrina espírita, na qual cada indivíduo sofre as consequências de suas ações, boas ou ruins, ao longo de suas vidas, como forma de reflexão. Tudo está conectado. Cada ator presente em "A Viagem" interpreta cerca de seis personagens, ganhando maior ou menor foco de uma história para outra. 
Além de todo o enredo "quebra-cabeça" intrigante e perfeitamente bem bolado, o trabalho da direção de arte, de fotografia, figurino e, especialmente, de maquiagem merece o maior reconhecimento. Se não fosse a especificidade, a riqueza de detalhes em cada cena, seria difícil distinguir o contexto fluido e confuso a cada quatro minutos. Alguns atores, com o trabalho dos maquiadores, ficaram perfeitamente irreconhecíveis.  A equipe conseguiu, de modo brilhante, transformar ocidentais em orientais, homens em mulheres, mulheres em homens, jovens em idosos, humanos em mutantes, etc. É simplesmente magnífica a riqueza de detalhes, o produto final. Seus olhos simplesmente não conseguem acreditar no que está diante deles. 
Peço desculpas por não explicar o filme, porque, simplesmente, esse é um filme inexplicável. Acho que mesmo que eu assista essa perfeição mais duas ou três vezes, será difícil chegar a uma conclusão exata. Também não o farei porque já dei spoilers suficientes, não? Agora você deve tirar suas próprias conclusões e se surpreender com os efeitos e a mensagem deste filme.
"A Viagem" já está em todas as salas de cinema do Brasil. Você está esperando o que? :)
“Our lives are not our own.

We are bound to others. Past and present.

 And by each crime; and every kindness we birth our future” 


“Our lives and our choices, each encounter, suggest a new potential direction. Yesterday my life was headed in one direction. Today, it is headed in another. Fear, belief, love, phenomena that determined the course of our lives. These forces begin long before we are born and continue long after we perish. Yesterday, I believe I would have never have done what I did today. I feel like something important has happened to me. Is this possible?”

Para quem se interessar, o trailer :)



quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

TPM, ninguém te convidou.

Treinada Para Matar. Tocou Perguntou Morreu.
Tô Puta Mesmo. Tente Próximo Mês.
Todos Problemas Misturados.
Ah é.
Tensão PMenstrual.

"A tensão pré-menstrual (conhecida pela sigla TPM) é uma síndrome que atinge as mulheres e que ocorre, em maior ou menor grau, nos dias que antecedem a menstruação. É caracterizada por uma irritabilidade e ansiedade mais acentuadas, bem como manifestações físicas, como por exemplo dor nos seios, distensão abdominal e cefaleia.  Decorre da retenção de sódio e água." - WIKIPEDIA, sábia.

Acreditar nessas palavras é, provavelmente, ocultar a verdade da vida. Quem foi que ousou dizer que TPM é APENAS uma síndrome comum?  Certeza que quem escreveu isso é um homem. Pobrezinho, não sente na-da e só reclama. 

Sinceramente, não sei dizer qual o maior incômodo: as oscilações (terríveis) de humor a cada minuto x cólicas menstruais (digo, a sensação de facadas no seu útero). Acho que essa desgraça de dupla merece dividir o prêmio. 

Digamos que seu mês está perfeitamente bem. Você acorda bem humorada (talvez eu exagere um pouco ao dizer isso, porque 80% das pessoas que conheço acordam querendo destruir o mundo mesmo sem estar naqueles dias) e tudo parece fazer sentido. Os filmes que você assiste são bons, mas dificilmente te fazem chorar. Você sai cantando pela casa e até mesmo vê graça nas piadas ruins. Aceita todos os convites que seus amigos te fazem, coloca uma saia gracinha e não discute a cada 5 minutos com o namorado (ou, se você for solteira como eu, com seu cachorro).

De repente, assim, do nada mesmo, você acorda e parece que o mundo caiu sobre você. Tudo o que você faz é resmungar e se esconder nas cobertas, tentando cobrir sua cara pálida, suas olheiras e o estranho vazio que substitui toda a felicidade que você antes tinha. 
Sua mãe vai te dá um  "bom dia, querida" e você entende isso como um "levanta logo, sua inútil, vá lavar louça já que ninguém te ama". Seus olhos vão para o chão e parece que até seu cachorro tem dó de você. Depois de ligar a tv e assistir o filme mais normal já produzido, você cria filosofias de vida que nunca pensara antes. Se o filme for, de fato, emocionante, ai você está perdida em lágrimas salgadas, soluços e 50 lencinhos de papel espalhados no sofá. Seus amigos te chamam pra sair, mas e a vontade de tirar o pijama? Você nem ao menos tem a mísera vontade de tomar um banho, de se arrumar. Se algo não sai como o planejado, você tem vontade de ligar o foda-se e desistir de tentar ajeitar tudo do seu jeito - e por todos, mas no fim você agarra a causa, mesmo que irritada com cada átomo do mundo. Uma hora passa e você, além do vazio, agora sente um aperto no peito. Isso deve-se ao fato de descobrir que o chocolate da casa acabou (porque você fez questão de comer tudo enquanto se entregava ao choro do filme) e, obviamente, ao pequeno fato de que o cara que você gosta já nem sequer fala com você direito. 

Então você pensa que tudo que acontece de errado é culpa sua. 
Sua mente faz com que você acredite que você criou expectativas demais (o que é mesmo verdade, mas a gente usa isso como desculpinha) porque você se olhou no espelho e viu uma cara na sua espinha, se achou magra ou gorda demais, notou uma nova profundidade e coloração de olheiras, etc etc etc. Você simplesmente, em um único dia, passa a sentir a angústia e o estresse que não tinha há dias. 

Se não bastasse essa destruição de humor repentina, a seguir a sensação que percorre seu corpo é a mesma de umas 50 facadas, de um cara de 400 kg sentado em seu útero. E então nossa queridíssima amiga cólica nos dá saudações. E começa o fim do mundo. Com a dor, seu humor, consequentemente, oscila 10x (negativamente). Você toma remédios, agarra o travesseiro no colo e o aperta com força, escuta músicas de fossa, come mais chocolate, chora mais, grita mais, rola mais na cama e toda essa rotina incrível continua por, pelo menos, mais uns três dias.






Algumas sortudas sentem menos cólica que outras, por tomarem pílula ou simplesmente por serem amadas por uma força maior. Outras já tem os sintomas da TPM a qualquer momento, fora de hora. Às vezes eu me encaixo nesse padrão.
Fazer o que...




Se um gênio da lâmpada aparecesse na minha frente agora, definitivamente eu gastaria meus desejos em:
1) remédio "adeus cólica para sempre"
2) um cobertor
3) muitos, muitos doces.

E você? :)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

It's kind of a funny story.

“I was having a dream.
 I don’t know what it was, but when I woke up, I had this awful realization that I was awake.
 I didn’t want to wake up. And that’s really sad.
 It was almost like a reverse nightmare, like when you wake up from a nightmare
 you’re so relieved.
 I woke up into a nightmare.”


FILME: It's Kind of a Funny Story (Se enlouquecer, não se apaixone)
ANO: 2010
(Baseado no livro de Ned Vizzini, 2006)

DURAÇÃO: 101 minutos
ELENCO PRINCIPAL: Keir Gilchrist, Emma Roberts, 
Zach Galifianakis
SINOPSE: Às vezes o que se passa na sua cabeça não é tão louco quanto você imagina... Essa é uma verdade para Craig, um estressado adolescente que decide se internar numa clínica psiquiátrica por um tempo. Mas, ao contrário do que esperava, o que ele realmente encontra é um problemático mentor, um novo amor e a oportunidade de recomeçar. Charmoso, espirituoso e inteligente, uma história de amadurecimento que é uma espécie de história engraçada.


MELTIDA TAGARELA: Sabe aquele filme que você sempre teve vontade de assistir, mas nunca teve o mínimo de paciência exigido para um mísero download? Então.
Há muito tempo via gifs interessantes no tumblr, o que logo me chamou a atenção. Depois, ano passado, um amigo me recomendou esse filme pelo menos três vezes e a minha resposta sempre foi "aw, sempre quis ver."
POIS BEM, AGORA EU VI. 
Graças a Deus, eu vi.

Finalmente posso dizer o quão incrível essa história é. Confesso que achei o ritmo do filme um pouco parado, monótomo. PORÉM nada disso interfere na qualidade, na essência de "It's kind of a funny story", bom para todas as horas. No entanto, esse é o filme ideal para você assistir quando achar que (quase) tudo está errado. Sabe? Quando você sente um incômodo, um vazio. Quando você anda estressado, com a mente agitada demais para pensar em alguma sanidade. 
Felizmente, não me encontro no status depressivo, não sinto a mesma necessidade do protagonista de sumir com tudo. Aprecio muito minha vida e todos os presentes que Deus me deu. Confesso que nunca pensei em me cortar ou me jogar de uma ponte. Mas, infelizmente, muitos jovens sentem essa angústia, essa necessidade de aliviar a dor. Eu procuro entender. Eu entendo o personagem, a bagunça em sua cabeça. E, acima de tudo, queria arranjar uma "chave" capaz de melhorar essa situação, capaz de cicatrizar. 
O curioso desse filme é que o adolescente, por mais que tivesse problemas, logo percebe o quão simples seu drama é. Ao conviver no hospital com outros jovens e adultos que sofrem 10x mais  que ele, que têm algum distúrbio mental, trauma, etc, Craig recebe um "choque de realidade" e começa a dar valor ao que ele tem. 

"There are so many people in the world who are struggling so hard just to live.
 And it's like, self-indulgent for me to not appreciate what I have."

Além de receber essa lição de vida, o menino, que antes tentou se matar, passa a melhorar os sintomas de seus colegas, dos pacientes mais perturbados. O garoto se envolve com as histórias de cada um, com os "porquês"; busca maneiras simples de ajudá-los, de fazer com que eles vivessem. Para mim, esse é o marco belo do filme. É o que torna essa história tão especial.

Olhe para alguém na rua, aleatoriamente. Até mesmo alguém que você tenha mais intimidade. Dificilmente você será capaz de adivinhar se essa pessoa precisa de ajuda, se ela é realmente feliz ou o que a levou a ficar daquele jeito. Você também nunca saberá como curá-la até que se envolva, até que agarre a causa, que sorria.
Vejo que os problemas são consequências dos mais diversos motivos, nas mais variadas intensidades. 
Como encará-los? 
Essa é uma pergunta cuja resposta é bastante pessoal. Mas saibam que essa resposta existe :) Deixe sua imaginação fluir, apenas.

"Sometimes I wish I had an easy answer for why I'm depressed."

"I just don't want to get people's expectations up 
and then disappoint them later."

“Dreams are only dreams until you wake up and make them real.” 

"Do you like music?"

"Do you like breathing?"


domingo, 6 de janeiro de 2013

The fault in our stars.

"My thoughts are stars I can't fathom into constellations."

LIVRO:
A culpa é das estrelas (The fault in our stars)
AUTOR: John Green
LANÇAMENTO: 2012
PÁGINAS: 288
SINOPSE: Em "A culpa é das estrelas", Hazel é uma paciente terminal de 16 anos que tem câncer desde os 13. Ainda que, por um milagre da medicina, seu tumor tenha encolhido bastante — o que lhe dá a promessa de viver mais alguns anos —, o último capítulo de sua história foi escrito no momento do diagnóstico. Mas em todo bom enredo há uma reviravolta, e a de Hazel se chama Augustus Waters, um garoto bonito que certo dia aparece no Grupo de Apoio a Crianças com Câncer. Juntos, os dois vão preencher o pequeno infinito das páginas em branco de suas vidas.

MELTIDA TAGARELA: Com apenas um dia de blog, acho que já deu pra notar minha admiração pelas obras do Green. "A culpa é das estrelas" foi o primeiro livro do autor que li e, de imediato, me apaixonei.
A expressão "montanha russa de emoções", por mais piegas que seja, consegue definir perfeitamente os sintomas desse drama.

É certo que nenhuma história sobre câncer em adolescentes será uma comédia. Logo de início o leitor já imagina um desfecho triste, simplesmente pela previsibilidade do tema. Mas, para a surpresa de todos, o desenrolar das 288 páginas conta com um equilíbrio de sensações distintas. Apesar de toda a tensão que perturba a mente de quem lê a obra, muitos risos são despertados. O modo como Hazel e Augustos se relacionam é delicioso de ler, pois logo você nota a pureza do sentimento junto ao constrangimento  que os personagens sentem. 
A obra mais recente de John Green possibilita ao leitor uma nova filosofia de vida, um novo modo de encarar as situações. Você entra no mundo dos jovens que têm a vida contada, um número limitado de "zeros do infinito". Obviamente, lendo um romance sobre a luta contra o câncer você não é capaz de imaginar o sofrimento desses adolescentes que sabem que, a qualquer momento, tudo pode ir embora. Conviver com essa doença deve ser um pesadelo, uma angústia sem fim. 
Nessa narrativa, os protagonistas vão se aproximando aos poucos graças à doença, ao bom gosto por livros e através da curiosidade. De repente, estão intrigados e com mais sintomas: percebem que estão apaixonados. Oh.
Augustus Waters pode não ser seu perfil de galã ou herói, mas para mim, definitivamente, ela é um dos personagens mais românticos já inventados. O modo como ele dá tudo de si para ver Hazel feliz é inexplicavelmente gracioso. Esse cara merece o dobro da fama de um Edward Cullen, MAS ENFIM.
Não sou capaz de achar um único adjetivo para descrever esse livro, mas diria que "apaixonante" se encaixa bem na situação. Revirei todas as páginas da noite para o dia, ri, chorei, torci, chorei mais, ri de novo, torci ainda mais, me revoltei, chorei ainda mais, respirei fundo, meditei e me apaixonei. 
Se você, caro leitor, tiver bom gosto e for obediente, ao ler essa perfeição, aconselho que esteja acompanhado de um belo pacotinho de lenços. Talvez eu seja mesmo muito vulnerável para livros assim e me envolva demais com os personagens, mas acho que qualquer ser humano com um simples coração é capaz de se entregar às emoções de "A culpa é das estrelas". 
Ao terminar a leitura eu mal sabia ao certo o que estava sentindo. Juro.
Era como se os pensamentos da Haz estivessem invadindo minha mente, como se o Gus fosse meu amigo, meu querido. Como se a qualquer momento tudo pudesse escapar das minhas mãos como uma fumaça. É gente, é com livros assim que você aprende a dar um pouco mais de valor a sua vida. 
Às vezes a gente reclama de uns problemas tão simples, de certas insatisfações tão desnecessárias... Poucas são as vezes em que realmente focamos em uma questão mais séria, relevante. Temos essa estúpida mania de reclamar o mundo, por tudo. E esse tudo, na verdade, é um mero nada.


Queria não ser uma granada, 
não ser uma força malévola nas vidas das pessoas que amava.

"Sem dor, como poderíamos reconhecer o prazer?"

"Alguns infinitos são menores do que outros.

“Não dá para escolher se você vai ou não se ferir neste mundo, 
mas é possível escolher quem vai feri-lo. Eu aceito as minhas escolhas.”


Enquanto ele lia, me apaixonei do mesmo jeito que alguém cai no sono:
 gradativamente e de repente, de uma hora para outra.